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Compras de produtos por amapaenses geram mais de 66 mil empregos fora do estado

Em 2017, já haviam sido divulgados números pelo Vice-presidente da Agência Amapá, o Economista Joselito Abrantes, indicando que 85% de todos os alimentos consumidos no Amapá não são produzidos no próprio estado. Este fator gera diversos impactos negativos à economia e sociedade amapaense, sobretudo o envio de dinheiro para compra de alimentos, e geração de empregos em outras regiões do país.

Ao analisarmos alguns dados, a exemplo dos fornecidos pela Superintendência da Zona Franca Verde de Manaus – SUFRAMA, constatamos que a população do Amapá compra R$ 2.762.963.867,68 em produtos de outros estados brasileiros, sendo os dez primeiros itens alimentos. E os estados para onde vai a maior fatia do dinheiro dos amapaenses são os estados de São Paulo, com R$ 541.259.147,00; Pará, com R$ 399.165.179,35; Goiás, com R$ 301.809.282,56; e Santa Catarina, com R$ 265.515.366,96.

Esse dinheiro passa a circular nesses estados e ajuda a movimentar suas economias e fortalecer a os setores da agropecuária, da indústria, dos serviços e do comércio e, deixando, assim, de circular no Amapá, o qual passa por um processo contínuo de empobrecimento pela expulsão desse dinheiro, e onde o setor público, principal fonte de salários, já demonstra ser insuficiente para sustentar a economia do Amapá com a velha e malfadada “economia do contra-cheque”.

Entre os 10 alimentos mais comprados, os dois primeiros são “Carnes de galos e galinhas” e “Enchidos de carnes”, ainda aparecem na lista “Pedaços e miudezas de galos e galinhas” e “Bolachas e Biscoitos”, os alimentos com os preços mais em conta para a população de um estado com o maior número de desempregados e necessitados do Brasil.

O consumo de alimentos vindos de outras unidades da federação por amapaenses gera fora do estado 14.777 empregos diretos e 52.163 empregos indiretos, totalizando 66.940 empregos. Essa geração de vagas de trabalho seria suficiente para empregar 87% dos 77 mil amapaenses sem ocupação no mercado de trabalho, e para reduzir drasticamente o número de pessoas que vivem abaixo da pobreza, aqueles que tem renda abaixo de R$ 406,00 mensais, dos atuais 45,9% da população para patamares de apenas um dígito, algo em tordo de 7% a 9%.

Enquanto o Amapá compra alimentos de fora e não produz o seu próprio sustento, pais e mães de família e, principalmente jovens, não encontram as oportunidades de trabalho que precisam para sequer sonharem com uma vida e um futuro com o mínimo de condições para se ter dignidade.

Aprofundando o objeto causador de nossa pobreza, podemos analisar o item da alimentação que mais o amapaense gasta, o frango. O consumo com “Carnes de galos e galinhas” e “Miudezas de galos e galinhas”, sem incluir os ovos de galinhas, mandamos embora do Amapá, anualmente, algo próximo a R$ 1 bilhão. Neste sentido, se nós produzíssemos a carne de frango, grande parte desse recurso poderia movimentar serviços e o comércio locais e abrir empregos em fábricas de corte e granjas, por exemplo. Mas a criação de frango só é possível se o Amapá produzir os insumos, como a ração, por um preço que torne viável produzir, pois mesmo com o processamento da ração já realizado no estado, os principais insumos, a saber o farelo de milho e o farelo de soja, ainda vem de outras regiões. Afinal para se ter uma usina de esmagamento de soja para termos o farelo, é primeiro necessário que o Amapá produza em uma escala suficiente para dar segurança do fornecimento de matéria prima para a indústria. Então, a pergunta que fica é: porque o Amapá não produz soja e milho em escala para ter essa indústria? A resposta é velha e conhecida por grande parte dos amapaenses, principalmente por que trabalha no campo. Simplesmente porque não conseguimos licenciar as lavouras do homem do campo e porque não conseguimos titular as terras dos trabalhadores rurais.

O dilema da produção de matéria prima é o mesmo dilema das mazelas da população. Falta de geração de emprego, falta de dinheiro, alimentos mais caros, baixa arrecadação de tributos pela não abertura de novos negócios, serviços públicos de péssima qualidade.

A chave para esse destrave está na rede de relações e interesses de que consiste o que chamamos de política. Enquanto a maioria dos políticos amapaenses descansa em “berço esplêndido” à sombra de seus mandatos esperando a próxima eleição, e gastam energia com interesses pessoais ou para se manter no foco da imprensa nacional, os “cadeados” da produção no campo continuam fechados, impedindo o nosso povo de passar para um melhor nível de qualidade de vida.

 

 

Juan Monteiro – Jornalista, Especialista em Marketing do Agronegócio

 

 

 

 

 

 

 

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