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ENQUANTO O PANTANAL ARDE, FAMOSOS PULAM FOGUEIRA E BEBEM QUENTÃO; NO MAIS ABSOLUTO SILÊNCIO

A estação seca está só no começo e 2024 já fica marcado, não somente aumento significativo no número de queimadas, mas pelo silêncio de famosos e organizações de defesa ambiental que parecem estar com a visão ofuscada pela fumaça gerada pelo aumento record nas queimadas em todo o Brasil.

Cientistas e pessoas realmente envolvidas com as questões ambientais permanecem preocupadas com essa elevação, pois não há dúvidas dos seus efeitos nocivos e, em caso de alterações bruscas, o primeiro impacto será na produção de alimento e sobre as populações que trabalham e dependem do campo. Mas parece que aqueles que ergueram uma estátua para o antigo presidente, por conta das queimadas no Pantanal, estão tão aturdidos com tanta fumaça gerada pelas queimadas de então que não conseguem enxergar o aumento de mais de 2000%; sim, dois mil porcento, nas queimadas no Pantanal, segundo a EMBRAPA.

Vale ainda lembrar que o fenômeno das queimadas em algumas regiões, como pantanal e cerrado, é recorrente e moldou, durante milênios, a vegetação desses biomas. O grande problema não consiste nas queimadas em si, mas na frequência com que elas acontecem, não permitindo a recuperação da vegetação, impactando flora e fauna local.

 

O CONTEXTO POLÍTICO AMBIENTAL

Assim como em outros anos, as queimadas em 2024 são impulsionadas por uma combinação de fatores como extensos períodos de seca e maior disponibilidade de material orgânico no solo. Tudo isso agravado pela falta de política de contingência a um fenômeno recorrente, mas que vem se tornando problemático com o passar dos anos. A falta de linhas de financiamento para a construção de aceiros, compra de carros pipas e demais estruturas de combate a incêndios nas propriedades rurais é algo gritante e que se reflete nesses períodos nos quais o combate é sempre feito de forma nem sempre eficientes.

Muito discurso e pouca ação, essa é a realidade de quem vive e ganha visibilidade com as tragédias ambientais. Há muito eu venho dizendo que é muito fácil ser ambientalista em Copacabana ou na Avenida Paulista, quero ver ser ambientalista em Corumbá, São Félix do Xingu ou no Pacajá. De fato, esses ambientalistas de redes sociais sequer sabem onde ficam essas cidades e, se antes gritavam e protestavam contra as queimadas, hoje experimentam um silêncio sepulcral ou passam vergonha colocando a culpa das queimadas no “capim exótico”. Erva exótica deve ter sido o que essa criatura usou quando jovem para ter tamanha deficiência cognitiva para fazer uma análise tão estapafúrdia e sem embasamento técnico algum.

Se há poucos anos observou-se falhas no combate às queimadas, também observamos a tentativa de se usar novas tecnologias para o combate ao fogo, por parte do jovem ministro à época. Curiosamente, o mesmo ministro foi duramente criticado por usar produtos não avaliados pelo IBAMA no combate ao incêndio que destruía a Chapada dos Veadeiros em Goiás.

 

OS VERDADEIROS MOTIVADORES

As causas humanas, em sua maioria criminosas, ainda são as maiores causadoras de incêndios florestais no Brasil, é o que apontam os relatórios do IBAMA e EMBRAPA publicados nas últimas décadas. Nesse ano, novamente observamos o fogo que avança das rodovias para as pastagens, provocados pela irresponsabilidade criminosa de quem joga bitucas de cigarro, latinhas e garrafas que se tornam lentes de aumento ao reflexo do sol.

As queimadas para limpeza de áreas também se mantém como importantes causas de incêndios florestais e a falta de regulação fundiária complica bastante na identificação dos responsáveis por esses crimes e, quem paga a conta são os pecuaristas e agricultores que trabalham legalmente, pois tem suas pastagens, reservas legais, cercas e animais afetados pelo fogo. Isso além do maior impacto, que é sobre a imagem do setor, já tão injustamente vilipendiada.

 

PERDAS PARA O ECOSSISTEMA LOCAL

Os impactos ambientais das queimadas são sempre severos, pois afetam no ecossistema local, interferem na sobrevivência de espécies da flora e fauna local e, dependendo da continuidade das queimadas, pode se iniciar um processo de degradação e desertificação de consequências desastrosas. Algumas regiões, no Brasil e no mundo, já mostram como as repetidas queimadas têm impactado negativamente na biodiversidade local. Embora existam biomas onde as queimadas “naturais” sejam benéficas, despertando a dormência de sementes, eliminando o excesso de matéria orgânica sobre o solo; em outras, o fogo pode levar a perdas irreparáveis, sobretudo em ecossistemas mais delicados.

 

CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS E SOCIAIS

Práticas do século passado e atualmente condenadas, fizeram os que não conhecem o agronegócio considerarem que os grandes causadores de queimadas são os homens do campo. No entanto, é preciso entender que o agronegócio é um dos principais afetados com as queimadas, pois além das alterações no ecossistema local, as queimadas degradam o solo, destroem fontes de alimento, destroem cercas e colocam também em risco os animais pecuários. Se as queimadas preocupam e afetam quem vive nas cidades e atrapalham o turismo ecológico,  imagine o impacto naquelas pessoas que vivem e tiram o seu sustento daquele local.

 

RESPOSTAS E SOLUÇÕES

Me recordo, de quando criança ter perguntado a meus pais sobre os motivos de incêndios florestais no Brasil serem combatidos com abafadores e carros pipas, enquanto no Canadá, Estados Unidos e outros países eram enfrentados com aviões e helicópteros de combate a incendio. O tempo passou e décadas depois eu quem dou a mesma resposta a minhas filhas: “eu não sei!” A verdade é que o Brasil nunca levou a sério a questão das queimadas. Nem autoridades, nem os famosos, nem os grupos preservacionistas, ninguém se preocupou com a elaboração de uma política efetiva de combate aos incêndios florestais ou agrários; em geral, as grandes campanhas que temos visto focam mais em criticar esse ou aquele e em colocar em evidência aqueles que faturam alto com a tragédia alheia.

Mas em 2024 superamos todas as expectativas de descontrole sobre as queimadas. Hoje temos um cartão postal icônico, onde ao fundo de um grande arraial repleto de artistas famosos, uma grande área de floresta ardia em fogo. Você já imaginou a manchete se essa foto tivesse sido tirada em 2019, 2020 ou mesmo em 2021? Mas fiquemos tranquilos, está tudo sob controle; estamos em 2024, mais um ano da era do silêncio!

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