A doença de Newcastle é uma enfermidade provocada por um vírus da família Paramyxoviridae, com alta capacidade de contágio e grande amplitude de sinais clínicos. As aves afetadas apresentam sinais que variam conforme a cepa viral, idade e status imunológico. Embora possa afetar aves domésticas e silvestres, assim como algumas espécies de répteis e até mesmo o ser humano, o seu grande impacto é observado principalmente em galinhas e perus.
Os sinais clínicos mais comuns da doença são de ordem respiratória e incluem dificuldade respiratória, tosse, espirros e secreções nasais. Diarreia verde, inchaço da cabeça e pescoço, torcicolo, paralisia parcial ou total das asas e pernas também podem ser observados, além de uma queda abrupta na produção de ovos. Mortes súbitas também podem ocorrer, mas somente em casos extremamente graves!
A Newcastle é transmitida principalmente pelo contato direto entre as aves infectadas, mas a transmissão indireta também merece atenção e pode acontecer por meio das suas fezes, secreções respiratórias, equipamentos, roupas e veículos contaminados. Por isso, medidas de biossegurança são fundamentais para garantir a sanidade das aves de grandes criações comerciais, mas também importantes para pequenos criadores e aves de quintal.
Além da quarentena de novas aves, controle de acesso e desinfecção periódica das instalações, a vacinação contra a doença de Newcastle é outra medida fundamental para o controle da doença.
HUMANOS PODEM PEGAR A DOENÇA DE NEWCASTLE?
Embora seja uma zoonose, a doença de Newcastle dificilmente acomete seres humanos e, quando ocorre, geralmente afeta pessoas que mantem contato direto e frequente com aves infectadas, manifestando sintomas leves como conjuntivite transitória e coriza. Não há comprovações de que possa ocorrer transmissão de pessoa para pessoa, e a infecção humana não é o motivo de preocupação pelas autoridades sanitárias do país, mas sim os riscos de quedas produtivas em caso de um surto regional da doença. Até o momento tudo está sob controle e o sistema brasileiro de biosseguridade em avicultura continua sendo considerado um dos melhores do mundo.
O CASO DO RIO GRANDE DO SUL
É importante entende que o caso identificado no Rio Grande do Sul foi bastante pontual e comprova a seriedade com que o Brasil trata questões sanitárias em avicultura. O criatório localizado no município de Anta Gorda–RS, possuía no mesmo galpão, outras 14 mil outras aves que não manifestavam qualquer sinal da doença. A ave identificada com os sinais de Newcastle, foi retirada do grupo, e o material enviado para exames confirmatórios em laboratório reconhecido pela OIE (Organização Animal de Saúde Animal). Todos os criatórios, em um raio de 10 Km foram isolados até que se comprove a total ausência da doença de Newcastle nos mesmos.
O IMPACTO DAS ENCHENTES
Sim, a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul pode ter deixado alguns criatórios mais vulneráveis a desafios sanitários em seus planteis. Mas longe de preocupação, isso nos faz e destacar a garra desse povo, que mesmo após a maior tragédia natural de sua história, tão pouco tempo depois, já está de volta à sua vocação de produzir alimentos, ainda que com todo o sofrimento e perdas que ainda estão vivos na memória de todos nós.