Toda a fronteira Sul do Brasil está sob alerta após a confirmação de casos de encefalomielite equina na Argentina; em especial, criadores de cavalos da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, devido à ocorrência de diversos casos da doença no país vizinho. As autoridades sanitárias brasileiras já tomaram as primeiras providências para minimizar as chances de entrada da doença em território brasileiro.
O SENASA (Serviço de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina) confirmou casos da doença nas províncias de Corrientes e em Santa Fé. Animais com diferentes quadros clínicos da doença foram relatados e as medidas para evitar que a doença se alastre pela Argentina e países vizinhos (Brasil e Uruguai), estão sendo tomadas pelas autoridades dos três países.
Até o momento, o Rio Grande do Sul não apresentou nenhum registro da doença, e a situação está sendo monitorada pela Secretaria da Agricultura e pela Superintendência Regional do Ministério da Agricultura. Profissionais foram designados para acompanhar o caso, mas até o momento não houve nenhuma recomendação oficial do MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) aos criadores, salvo a de informar as autoridades veterinárias locais em caso de qualquer suspeita ou mesmo anomalia no comportamento dos equídeos.
A encefalomielite equina tem três tipos conhecidos, que são: a venezuelana, a do leste e do oeste. Os casos identificados na província de Santa Fé são todos do tipo oeste, e segundo o SENASA, semelhantes ao registrado em 1988 no país.
A doença é causada por um Alphavirus da família Togarividae transmitido pela picada de mosquitos contaminados com o vírus. Isso destaca a importância no manejo de combate a esses vetores como medida de minimizar os riscos para a tropa. Aves, roedores e repteis são reservatórios do vírus, já homem e os equídeos são hospedeiros acidentais. Após a picada do mosquito infectado, o vírus fica de 5 a 14 dias encubado até que os animais apresentem os primeiros sinais clínicos da doença.
De notificação obrigatória e imediata, a encefalomielite equina é uma zoonose que tem como principais sinais clínicos a febre, falta de apetite e depressão. Com a evolução do quadro clínico, poderão ser observados hiperexcitabilidade, cegueira, desorientação no andar, animal permanece deitado, convulsões e morte.
O Ministério de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai emitiu orientações sobre a doença enquanto aguarda os resultados dos exames em casos suspeitos. Até a publicação desse artigo, o MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) do Brasil ainda não havia se manifestado formalmente sobre o caso, tampouco nenhuma nota foi encontrada no site do MAPA. Nos sites oficiais das Secretarias dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina também não foram encontradas nenhuma nota a respeito do caso próximo às suas fronteiras. Em contrapartida à não manifestação do MAPA e dessas Secretarias, a ADAPAR (Agência de Defesa Sanitária Agropecuária do Paraná) emitiu, no dia 29 de novembro, nota de alerta para a doença, relatando o caso no país vizinho e orientando os criadores e veterinários sobre a doença, bem com pedindo que as autoridades veterinárias do Estado fossem procuradas em qualquer caso suspeito ou qualquer anomalia no comportamento dos animais.
O alerta da ADAPAR diz que qualquer sinal nervoso em equinos deve ser imediatamente notificado às autoridades de saúde animal do Estado. Destaca ainda que a atenção às boas práticas quanto a diminuição de presença de mosquitos nos animais e nos estábulos devem ser levados ao extremo e ainda sugere-se a vacinação dos animais que ainda não receberam a vacina contra a encefalomielite equina.
A vacinação contra a encefalomielite é de rotina e a vacina está disponível nas principais casas agropecuárias de todo o Brasil. O caso do “surto! na Argentina serve de alerta aos criadores brasileiros para a importância de um bom calendário de vacinação dos seus animais.