A Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se reuniu na quinta (21), por videoconferência, para discutir a necessidade de antecipar a liberação dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para junho. O objetivo da medida é reduzir os impactos da crise financeira causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O pedido foi apresentado ao governo no final do mês de março.
De acordo com o presidente da Comissão, Breno Mesquita, a disponibilização dos recursos durante a safra permite que o produtor faça a colheita com menor dependência “do café que inda está no pé”.
“Essa é a época do ano que mais demanda recurso do produtor, principalmente para custear a mão de obra, que tem significativo impacto nos custos de produção. Se ao invés de agosto, o recurso for liberado em junho, o cafeicultor vai poder realizar uma colheita mais tranquila e planejar o melhor momento para a venda do produto”.
Para a safra 2020, o montante total destinado ao Funcafé será de R$ 5,71 bilhões, um aumento de 17,2% em relação ao volume liberado no ano passado. Para as linhas de custeio e comercialização, o orçamento aprovado pelo Conselho Deliberativo de Políticas do Café (CDPC) foi de R$ 1,6 bilhão e 2,3 bilhões, respectivamente.
Para a linha de Financiamento para Aquisição de Café (FAC), houve incremento de R$ 1 milhão. As demais linhas não sofreram alteração em relação a 2019. Os recursos foram distribuídos entre os agentes financeiros no início de maio e devem ser disponibilizados em breve aos beneficiários.
Outro tema discutido durante a videoconferência foram as propostas dos representantes do setor privado do CDPC para a reestruturação da Organização Internacional do Café (OIC). Segundo a assessora técnica da Comissão Nacional do Café, Raquel Miranda, a necessidade de se propor um plano de reestruturação é um consenso entre os representantes do Conselho. “A Organização tem um histórico muito importante para a cafeicultura mundial, mas atualmente não acompanha as necessidades e discussões do setor e não atende as expectativas do Brasil como o maior produtor e exportador de café”, explicou Raquel.
O documento com as propostas está sendo elaborado pela CNA, pelo Conselho Nacional do Café (CNC), pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) e Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS).
Os representantes da Comissão também discutiram os impactos do coronavírus (Covid-19) no setor cafeeiro. As Federações de Agricultura e Pecuária dos Estados presentes no encontro virtual informaram as principais ações para mitigar os efeitos da doença e os problemas enfrentados pelos produtores rurais.
Em Minas Gerais, muitos cafeicultores estão adiando a colheita devido às dificuldades na contratação de mão de obra. Na Bahia, a falta de mão de obra para a colheita também tem sido um problema. O excesso de chuva deve causar perdas na produção. Em São Paulo, a maioria dos colheitadores de café faz parte do grupo de risco do Covid-19, o que novamente dificulta a contratação de mão de obra.
Já em Rondônia, 60% da colheita já foi realizada. Segundo a Federação, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem orientado os produtores a prolongarem o período de colheita. No Paraná, a Federação elaborou uma cartilha para os produtores com orientações de medidas preventivas ao Covid-19.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (Faes), Júlio da Silva Rocha, afirmou que o estado está atento aos pequenos produtores, principalmente aos que comercializam os produtos em feiras livres.
A CNA criou um Comitê de Crise para monitorar as consequências da pandemia desde a produção, até a comercialização de alimentos. A entidade também faz um boletim semanal com os principais acontecimentos no agro.