Em meio à Semana Brasil Livre da Febre Aftosa, realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que celebra o esforço de todos os órgãos oficiais de defesa sanitária do Brasil para erradicar a doença, a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Amapá (Diagro) afirma que a pecuária local apresenta avanços.
Após o Amapá ser certificado como livre da Febre Aftosa, o Brasil caminha para a certificação internacional. De 20 a 25 de maio, durante a 86ª Sessão Geral da Assembleia Mundial da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Paris, na França, o Governo do Estado do Amapá (GEA) será reconhecido solenemente, junto com Roraima, Amazonas e Pará para que o país torne-se livre da doença em toda a extensão territorial.
Com o segundo maior rebanho bubalino do país, o Amapá desponta em potencial no setor. O rebanho bubalino é também chamado de ‘Ouro Negro’, por conta do alto valor comercial dos derivados do leite e corte de carnes. Para o diretor-presidente da Diagro, José Renato Ribeiro, já é possível estimular os produtores locais e incentivar a iniciativa privada para investimentos no Estado. “Com essa mudança de status sanitário, já há rumores de grandes investimentos que vão gerar emprego e renda para o Amapá. Com essa qualidade no nosso produto, passamos por uma transformação na cadeia produtiva, desde o pasto ao prato”, ressalta Ribeiro.
Além disso, o selo de qualidade sanitária é um atrativo para o intercâmbio de pecuaristas, como afirma o diretor-presidente da Diagro. “O Amapá passou por uma depreciação nessa área. Os pecuaristas que traziam os animais para leilão não podiam retornar com os mesmos, por conta da febre aftosa. Agora não, além desse intercâmbio, nossos animais também podem fazer parte de vitrines Brasil a fora”, explicou o gestor.
Indústria e exportação
Para que haja desenvolvimento na cadeia produtiva interna do Estado, é necessário que mais plantas frigoríficas sejam instaladas, ou seja, indústrias onde se realizam operações controladas, que envolvem todo o tratamento das carcaças e também das linhas de produção, para que possa ser obtida a carne ou derivados com qualidade e padrão industrial. Hoje, existem apenas duas plantas frigoríficas no Amapá.
Com cerca de 340 mil cabeças de gado, entre bovinos e bubalinos, o Estado ainda não apresenta autossuficiência para entrar no mercado nacional. De acordo com José Renato Ribeiro, a exportação do produto para outros estados brasileiros é um cenário a médio prazo. “Para que possamos entrar no mercado nacional com nosso produto, é necessário um aumento na produção. Temos uma expectativa de 25 a 30% de aumento para o ano que vem, no quantitativo total de bovinos e bubalinos. Para que o Amapá se torne autossuficiente, precisamos atingir uma média de 900 mil cabeças de gado”, reforçou o diretor-presidente.
Consequentemente, a exportação internacional é a longo prazo, porém, políticas públicas já estão em execução para que isso se torne realidade. “Estamos implantando uma plataforma de gestão agropecuária, para que possamos ter transparência da gestão sanitária para o mundo inteiro, fornecendo assim dados importantes para compradores e investidores”, conclui Ribeiro, a respeito da implantação de dados digitais da pecuária amapaense.
Repercussão nacional
A repercussão da qualidade do produto amapaense é notável. A Associação Brasileira de Criadores de Búfalo do Rio Grande do Sul convidou o Amapá para a 40ª Expointer, considerada a maior feira a céu aberto da América Latina, que ocorrerá entre agosto e setembro de 2018, onde as últimas novidades da tecnologia agropecuária e agroindustrial estarão expostas, juntamente com as mais modernas máquinas, o melhor da genética e as raças de maior destaque.
Semana Brasil Livre da Febre Aftosa
Na Semana Brasil Livre da Febre Aftosa, que teve início nesta segunda-feira, 2 e prossegue até a próxima quinta-feira, 5, serão promovidas sessões solenes no Senado Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Haverá também o lançamento do selo dos Correios em comemoração à nova condição sanitária do Brasil em relação à febre aftosa.