No final de dezembro a Divisão de Defesa Sanitária Animal do Governo do Estado do Rio Grande do Sul soltou uma nota informando o caso da doença de Aujeszky no município de São Gabriel, na região da campanha Gaúcha, próximo da fronteira com o Uruguai.
A nota, que aponta as medidas profiláticas adotadas para conter a doença na região, mostra não somente a eficiência do serviço de defesa sanitária do Estado, mas também acende o alerta para a necessidade de ampliarmos a nossa fiscalização sanitária e de fronteira em todo país.
O Brasil, tido como o celeiro do mundo, tem o maior rebanho bovino comercial do mundo e é grande exportador dessa proteína. Também vem batendo recordes e recordes em exportação de carne suína e é um dos maiores produtores mundiais dessa proteína. Há anos o Brasil é tido como o maior exportador mundial de frango e atende 35% desse mercado. Crescemos ano a ano nossa produção e nossa participação de mercado, modernizamos nossas plantas, nossa maneira de produzir, mas; e nosso sistema de fiscalização sanitária?
Sabidamente o contingente de fiscais federais e estaduais é inferior ao que a nossa produção exige, e as últimas contratações não supriram sequer as aposentadorias das secretarias de defesa agropecuária federal e estaduais. Nosso sistema, embora tenha modernizado, ainda é fragmentado e as secretarias estaduais trabalham com uma colcha de retalhos que exige horas de retrabalho para a imputar os dados que não são automaticamente compartilhados entre os estados. Ou seja; é muito protocolo e burocracia que minam a nossa eficiência e nos torna perigosamente letárgicos.
Mas um alento vem do Mato Grosso, que em 2022 nomeou 129 fiscais agropecuários para atender ao déficit de profissionais no estado. Bom? Quase; pois esse número não supre sequer os aposentados nos últimos anos. Mas ainda assim é um bom começo para o estado que sai na frente de todo o Brasil com essa ação. Há a expectativa de nomeação de 240 veterinários aprovados no último concurso para defesa sanitária animal do estado que tem o maior rebanho do país e caminha a passos largos para o status de livre da febre aftosa sem vacinação.
Espera-se que os demais estados e o governo federal sigam o caminho apontado pelo MT e também reforcem seus sistemas de fiscalização sanitária animal e assim minimizemos as chances de qualquer intercorrência sanitária, que seria certamente catastrófica, afinal: quem se arvora ser o maior produtor mundial de alimentos não pode ter um sistema de fiscalização sanitária reduzido.
A DOENÇA DE AUJESZKY
A doença que disparou esse artigo é causada por um Herpesvírus (Alphaherpesvirinae) que pode acometer suídeos domésticos, silvestres e asselvajados. Também pode acometer outros mamíferos como bovinos, ovinos, caprinos, equinos, cães, gatos, coelhos e mamíferos silvestres, todos considerados hospedeiros finais.
Podendo causar a morte de até 100% dos leitões em maternidade, a doença tem menos de 3% de letalidade nas fases de crescimento e terminação e aí está o grande risco, pois os animais contaminados podem se tornar depositório e contaminar animais sadios. Destaca-se que a doença é de notificação obrigatória e todos os animais positivos dever ser abatidos dentro das regras sanitárias para a doença.
Cuidados como não introduzir animais silvestres na criação convencional, vacinar o rebanho e informar as autoridades em quaisquer sinais de anormalidade devem estar na rotina do produtor para que possamos minimizar os riscos dessa e outras doenças para nossos rebanhos.