A demanda mundial por proteínas de origem animal vem impulsionando produtores na busca por alternativas para o aumento na produção de alimentos. E o desempenho dos rebanhos, desafiado ano a ano, exige medidas profiláticas que permitam aos animais atingirem o seu máximo potencial zootécnico por meio da eliminação do risco de desordens que possam atrasar o seu desenvolvimento. Nesse cenário, a utilização de antibióticos na produção animal ganhou grande importância, se tornando quase que obrigatórios para a produção em larga escala.
Por outro lado, a crescente resistência bacteriana tem representado uma ameaça significativa à saúde pública e à segurança alimentar, exigindo-nos uma reflexão a respeito dos rumos que deveremos tomar em relação à utilização dos antibióticos na produção animal. De igual maneira, pressões tem forçado a busca por alternativas para a substituição dos antibióticos na produção animal, e os resultados são animadores.
A resistência aos antibióticos não é novidade, trata-se de um fenômeno natural e que inevitavelmente vai acontecer no longo prazo. Mas o uso indiscriminado desses fármacos, sem a devida orientação de um médico veterinário, acelerou muito o seu aparecimento. Sem uma utilização criteriosa, os microrganismos acabam se adaptando aos fármacos, tornam-se resistentes e podem se proliferar no ambiente, contaminando alimentos, causando infecções de difícil tratamento e colocando animais e seres humanos em risco.
Outro ponto de grande atenção é a presença de resíduos de antibióticos em produtos de origem animal, que aumenta as preocupações sobre eventuais efeitos na saúde humana, como alergias e desequilíbrios microbiológicos no organismo. Ainda há muito a ser estudado e comprovado nesse sentido, mas temos visto, ao longo do tempo, o banimento de alguns antimicrobianos para uso em animais de produção.
Mas nem só de preocupações vive a produção animal! Há muito que se comemorar, pois a busca de alternativas aos antibióticos na produção animal, que se tornou uma verdadeira obsessão para alguns grupos de pesquisa e também produtores, comprovou que a implementação de melhorias de bioseguridade e nutricionais podem reduzir sensivelmente a necessidade do uso de antibióticos. Essas descobertas são ainda mais celebradas ao passo que chegam ao mercado, com resultados compradamente eficientes, os probióticos, prebióticos e óleos essenciais, cujo uso pode reduzir e até mesmo substituir com vantagens o uso de antibióticos na produção e bem-estar animal.
Essa substituição é necessária, ao passo que muitos mercados internacionais têm restringido a entrada de produtos oriundos de produtores que mantêm o uso de determinados fármacos. A substituição dos antibióticos e a busca por produtos “antibiotic free” vêm se tornando uma verdadeira obsessão de mercados dispostos a um maior desembolso por produtos “mais seguros” para seus consumidores.
É preciso ter em mente que a substituição dos fármacos convencionais já está acontecendo e a pergunta não é “se”, mas “quando” ela será exigida por esse ou aquele mercado. E os produtores que se anteciparem e comprovarem ser “antibiotic free” terão claras vantagens competitivas. De olho nesse grande nicho que se cria, grandes integradoras de aves, suínos e peixes estão em processo de substituição total, inserindo nesse processo também as vacinas, os marcadores moleculares e tudo mais que poder garantir a sua produtividade e a presença nos grandes mercados consumidores mundiais. Diferente da avicultura e suinocultura, que anda na vanguarda da saúde e produção animal, bovinocultura ainda caminha a passos lentos. Lentos mas firmes e constantes, e muitos pecuaristas de vanguarda já experimentam as vantagens dessas tecnologias.