Até bem pouco tempo, desconhecidos dos pecuaristas e até mesmo dos técnicos, os betaglucanos começaram a ser inseridos experimentalmente na dieta dos bovinos. Os resultados chamaram a atenção daqueles mais atentos às novidades científicas e, desde então, vêm ganhando espaço nas rações de bovinos leiteiros e mesmo em bovinos de corte de alto desempenho.
Quando foram introduzidos na dieta dos bovinos, o objetivo era aproveitar a capacidade prebiótica, favorecendo o desenvolvimento da microbiota e melhorando a digestão, absorção de nutrientes e a conversão alimentar, o que já é formidável pelos ganhos produtivos que isso permite. No entanto, hoje se sabe que os benefícios dos betaglucanos vão muito além da melhoria na conversão alimentar. Estudos comprovam o seu importante papel na melhoria da sanidade gastrintestinal, na modulação do sistema imune e na redução do estresse oxidativo e até mesmo em algumas respostas inflamatórias.
REDUÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO
O estresse oxidativo ocorre quando há o desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade antioxidante do organismo. Quando isso acontece, pode haver danos às células, tecidos e órgãos, comprometendo o desempenho, a qualidade de vida e até mesmo a longevidade dos animais acometidos.
Ao reduzir o estresse oxidativo, os betaglucanos auxiliam na preservação da integridade celular, promovendo o bom funcionamento do organismo, maior bem-estar, mais produção de leite, menos doenças e mais longevidade dos animais.
MODULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE
Tecnicamente, dizemos que os betaglucanos, principalmente aqueles com estrutura 1,3/1,6-β-D-glucana, são reconhecidos por receptores específicos nas células imunológicas, como o receptor dectina-1 presente em macrófagos, neutrófilos e células dendríticas. Ao se ligarem e ativarem essas células, se inicia uma cascata de sinalização que leva à produção de citocinas, quimiocinas e outros compostos que amplificam a resposta imune dos animais.
Eles podem ainda melhorar a atividade das células B, aumentando a síntese de anticorpos específicos para determinados patógenos.
Em vez de simplesmente estimular o sistema imunológico, os betaglucanos ajudam a equilibrar as respostas, reduzindo reações excessivas, como inflamações crônicas, e potencializando respostas quando necessário.
A capacidade dos betaglucanos modularem a resposta imunológica dos animais, por meio do aumento da atividade de células de defesa, como os macrófagos e os neutrófilos, favorece o organismo a debelar infecções, favorecendo a saúde dos animais. Vale destacar que os betaglucanos não provocam uma simples estimulação do sistema imune, mas contribuem para o equilíbrio da resposta imune, reduzindo reações excessivas, como inflamações crônicas e potencializando respostas quando necessário.
Esses polissacarídeos, encontrados naturalmente em cereais, têm animado os nutricionistas e sanitaristas de bovinos, e têm levado pesquisadores ao aprofundamento das pesquisas para melhor entender seus benefícios. A melhora na capacidade digestiva dos bovinos, a contribuição para a melhora na absorção de nutrientes, o aumento da resposta imune é conhecido, mas espera-se que os betaglucanos possam trazer mais benefícios para a nutrição e saúde animal.
Outro ponto de grande impacto, que tem estimulado mais pesquisas a respeito do uso dos betaglucanos, é a crescente pressão pela restrição do uso de antibióticos em animais de produção. Como se trata de um composto natural não antibiótico, os betaglucanos têm se mostrado como uma opção bastante viável para desafios sanitários, metabólicos e nutricionais do rebanho, dispensando ou mesmo reduzindo a utilização de medicamentos convencionais.
Estima-se que em breve tempo os betaglucanos estejam presentes não somente na dieta de vacas-leiteiras de alta produção, mas em toda propriedade pecuária que busca alta produtividade, saúde animal e bem-estar animal, seja ela de leite ou corte.
