Da Redação
O plantio e os tratos culturais de OGM (organismos geneticamente modificados), ou transgênicos como são mais conhecidos, não alteram os micro-organismos benéficos encontrados no solo, segundo acompanhamentos feitos nas áreas de cultivo para várias espécies vegetais.
De acordo com o monitoramento feito pelo pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/USP), Welington L. Araújo, em parceria com a DSMA Biotecnologia, para a Monsanto, após o plantio de soja RR, as plantas e seu manejo não afetaram a qualidade e a diversidade da comunidade microbiana do solo. “O monitoramento foi feito durante cinco anos, utilizando diferentes técnicas de avaliação que permitiram comparar a microbiota do solo em nove áreas demonstradas”, explica Araújo. O levantamento foi feito nos municípios de São Luiz Gonzaga (RS), Ponta Grossa (PR), Londrina (PR), São Gabriel do Oeste (MS), Rondonópolis (MT), Sorriso (MT), Santa Helena de Goiás (GO) e Barreiras (BA).
Outros estudos, incluindo milho e eucaliptos geneticamente modificados, também foram conduzidos pela DSMA em parceria com as empresas produtoras, como pré-requisito para liberação comercial dessas plantas. “Esses estudos envolveram o sequenciamento de DNA de fungos e bactérias do solo avaliado e a caracterizando dessa comunidade microbiana, presente em área de cultivo do OGM e de cultura tradicional, em diferentes locais e épocas”, conta Marília Sanchez, coordenadora técnica da DSMA Biotecnologia.
Segundo Marília, estudos realizados com diferentes espécies vegetais têm demonstrado que a época de amostragem e o local de cultivo apresentam um efeito maior sobre esta comunidade do que o genótipo da planta. “Até o momento esses dados nos mostram que áreas de cultivo tradicional e OGM apresentam diversidade semelhantes, não divergindo em relação às espécies e às funções ecológicas.”
A comunidade microbiana do solo é composta por fungos, bactérias, nematoides entre outros organismos que habitam o solo e atuam de forma direta e indireta sobre a produtividade agrícola. “Considerando-se a importância desses micro-organismos na qualidade do solo, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) determina que para a liberação comercial de uma planta geneticamente modificada, deve-se observar o impacto desta cultura sobre a qualidade do solo e, em especial aos organismos não-alvo, incluindo a microbiota residente no solo”, orienta Cristiane Andreote, diretora da Andrios Consultoria.
Uma das ferramentas para se obter a análise dos dados de sequenciamento de DNA dos micro-organismo presentes no solo, foi desenvolvida pela startup Biome4All. Com essa nova tecnologia, pode-se melhorar a análise da interação entre plantas GM e a comunidade microbiana do solo, auxiliando o setor público e as empresas na tomada de decisão em relação ao seu cultivo.