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O ARROZ IDEOLÓGICO NÃO CABE NO PRATO DO BRASILEIRO

Presença garantida na mesa dos brasileiros, o arroz saiu do prato e foi para as rodas de conversa, talk shows, grupos e redes sociais em todo o país. E não se engane, pois isso não é de agora, como efeito da tragédia do Rio Grande do Sul. Há mais de uma década o Estado Brasileiro tem encontrado maneiras de manter o arroz em pauta, com ações que acabaram por desestimular a produção do alimento presente em 76% das nossas refeições.
Em 2009, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a expulsão dos arrozeiros das áreas da reserva indígena Raposa Serra do Sol, após anos de disputas legais, o Brasil renunciou a cerca de 120 mil toneladas de arroz produzidas pelo estado de Roraima. A decisão que, segundo o STF, visava proteger os direitos dos povos indígenas, teve impactos que foram muito além do empobrecimento do estado e a decretação da miséria para os povos locais, incluindo indígenas e decretou o fim de um importante produtor do cereal.
Há dois anos, com a elevação do preço do cereal, outra polêmica acabou sendo criada em torno do arroz. O Brasil teve uma produção menor que o esperado e isso teve como consequência o aumento no preço do produto na prateleira dos supermercados. Mais uma vez, falhas de pesquisa, associadas à grande capacidade de construção de narrativas, transformaram os arrozeiros em vilões da inflação.
No seu primeiro ano do terceiro mandato, o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, em uma fala em defesa da agricultura familiar e crítica ao agronegócio, enalteceu o MST como maior produtor de arroz orgânico do mundo e uma alternativa à produção do grão. A fala do presidente é correta, pois os produtores do MST produziram cerca de 16 mil toneladas de arroz na safra 2022/23; mas vale destacar que o volume é inferior ao consumo diário do brasileiro, na casa de 19,9 mil toneladas.
Recentemente, o presidente da república, Luiz Inacio Lula da Silva, colocou mais lenha na fervura da polêmica do arroz ao dizer que poderia importar arroz para suprir a perda de safra gaúcha. A FEDERARROZ (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul), se apressou em dizer que mais de 80% das lavouras já haviam sido colhidas e a importação, além de não ser necessária, penalizaria ainda mais os produtores e o próprio estado do Rio Grande do Sul, já tão castigados pela tragédia. Segundo a CONAB, a produção de arroz dessa safra ficará em torno de 11,3 milhões de toneladas, frente a um consumo histórico que varia entre 10 e 12 milhões de toneladas ano. Ou seja, se os estoques de passagem não forem adequados, poderemos ter problemas.
Já há muito tempo que especialistas vêm alertando que precisamos repensar o agronegócio brasileiro livre desse viés ideológico que vem ditando muitas decisões, mas retomando a visão científica e pragmática que nos trouxe até aqui. O agronegócio necessita do pragmatismo das ciências exatas, biológicas e da terra. Enquanto estrategistas brasileiros do agronegócio tem reconhecimento internacional e alguns, nossa estratégia alimentar continua à merce seres supremos e de estrategistas de botequim. Hoje sentimos falta do arroz não produzido pelos arrozeiros expulsos da região da Raposa Serra do Sol. Amanhã, quem sabe, talvez sintamos falta da soja do cerrado, do milho da Amazônia legal, do boi do pampa. Será que não está na hora de deixar a ideologia um pouco de lado e focar na boa e velha ciência cartesiana?
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