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Açaí com ciência: produtivo e seguro, analisa cultiv em terra firme | Foto: Melina Garcia
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Açaí é tema da palestra de abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

Dulcivânia Freitas, jornalista

Curiosidades em 360 graus sobre o açaí, desde o nome da planta, trajetória de consumo entre os povos da Amazônia, aspectos econômicos e as tecnologias para dar impulso à produção sustentável, fazem parte da palestra de abertura da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no Amapá, intitulada “Açaí com ciência: produtivo e seguro”, a ser apresentada nesta segunda-feira, 4/10, a partir das 10 horas, pelo pesquisador da Embrapa Amapá, Nagib Jorge Melém Junior.

Pesquisador da Embrapa Amapá Nagib Melém | Foto: Aline Furtado

O evento acontecerá no auditório do Centro de Educação Profissional de Música Walkíria Lima, em Macapá (AP), organizado pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e será transmitido pelo link https://youtu.be/6VsLNJnSaik.

A espécie de açaí a ser focada na palestra é a Euterpe oleracea Mart, ou açaí em touceira, o mais popular do país e de maior ocorrência principalmente na região do Estuário do rio Amazonas, ponto de encontro entre o rio e o mar, entre os estados do Amapá e Pará. “O conceito do termo Euterpe é Deusa Grega da música, o nome significa “plena alegria”, enquanto oleracea significa o que tem o odor e a cor do vinho”, acrescenta Nagib Melem.  Esta espécie também ocorre no Maranhão, Tocantins, e Mato Grosso, além das fronteiras na Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia.

Com relação ao hábito de consumir açaí, o pesquisador da Embrapa vai mostrar dados coletados e publicados pelo professor e pesquisador da Universidade Federal do Pará, Romero Ximenes Pontes, indicando que “o açaí é consumido pelos grupos indígenas desde antes do descobrimento, mas entre as populações mestiças e urbanas, o seu consumo se dissemina por volta de 1849”. O fato é que a década de 1970, o açaizeiro era uma das bases do extrativismo, com beneficiamento restrito ao local de ocorrência da palmeira, e com significativo valor cultural e alimentar.

“De 1970 até a década de 1990 vemos um período em que o beneficiamento deste produto do extrativismo passa a ocorrer também na periferia dos centros urbanos (nas chamadas batedeiras), ao mesmo tempo em que ocorria a demanda alta por palmito e a consequente redução da oferta dos frutos de açaí ao mercado consumidor”, detalha Nagib Melém. A partir de 1990 até a década de 2010, o extrativismo passou a incorporar com mais ênfase as técnicas de manejo, incluindo a tecnologia do cultivo em terra firme, assim como o beneficiamento agora já está ampliado aos bairros centrais e distritos industriais que fabricam polpa e outros derivados para comercializar em outras regiões do Brasil e exportar para alguns países. O pesquisador da Embrapa ressalta que “neste período ocorre o chamado “boom da demanda nacional e internacional, além do resgate cultural, aperfeiçoamento das técnicas de manejo e lançamento de variedades para cultivo em terra firme com irrigação”.

Outro dado que revela a importância do açaí no contexto do desenvolvimento sustentável da região está no estudo de uma pesquisa coordenada pelo pesquisador Antonio Claudio Almeida de Carvalho. Após caracterizar e fazer a análise econômica do Arranjo Produtivo Local do açaí nativo no Amapá, os resultados demonstraram sistema endógeno com tendência de maior geração de divisas; valorização das populações tradicionais, distribuição homogêneas dos valores envolvidos; maior vantagem competitiva; produtos orgânicos; que o APL do açaí é o mais importante sistema de base agrária do estado e contribui fortemente para a conservação da floresta e qualidade de vida do extrativista.

Curso de manejo de açaizais nativos, ministrado pelo saudoso pesquisador Silas Mochiutti. Foto Izaque Pinheiro

Ao final da palestra, Nagib Melem presta uma homenagem in memoriam a Manoel Cravo, Robério Nobre e Silas Mochiutti, três pesquisadores que partiram para a eternidade, e que tiveram uma expressiva contribuição na pesquisa e transferência de tecnologias para aumento da produção de frutos de açaí e manejo e cultivo da espécie em várzeas e terra firme, respectivamente, e também em políticas públicas  voltadas para a geração de emprego e renda a partir do desenvolvimento da cadeia produtiva do açaí.

Para ficar por dentro da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no Amapá é só acessar o link: http://snct.ap.gov.br/

 

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