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A TECNOLOGIA PODE VIRAR A MESA DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL A FAVOR DA PECUÁRIA

Não é de hoje que a produção agrícola, mais particularmente a pecuária, vem sendo alvo de críticas de ativistas do bem-estar animal e meio ambiente. Baseados em pesquisas com fundamentação muitas vezes discutível, esse ideal criado de que o agro é maléfico só tem aprofundando a trincheira divisória entre o campo e a cidade, onde deveria haver uma ponte ligando a produção de alimentos, o bem-estar animal, a preservação ambiental e o consumo consciente.

Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a pecuária é responsável por cerca de 14,5% do total das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo, sendo os bovinos responsáveis por 65% desse total. Um dado discutível, pois basta um breve passeio pelas fazendas ou uma análise mais aprofundada para entender que as emissões do gado são sequestradas pelo alimento consumido pelo próprio bovino, que no mundo ocupa cerca de 33% das do total de terras agricultáveis.

A mesma FAO que diz que a pecuária consome 8% de toda a água do planeta, se esquece de informar que grande parte desse volume consumido é oriundo das chuvas e em menor parte de nascentes preservadas, que são, na maioria, preservadas dentro das próprias propriedades pecuárias.  Confesso que preciso me aprofundar nos estudos para entender por qual motivo não consideram o ciclo da água para a pecuária. Será que ele só é válido para as cidades?

Se por um lado a pecuária é grande usuária dos recursos naturais, eu pergunto: qual atividade não é? Seriam as indústrias que despejam esgoto em rios mais eficientes que a pecuária? Seriam os automóveis ecologicamente mais sustentáveis que a pecuária? Seria o ambientalista de Copacabana mais impactado pelas alterações climáticas que o cafuçú que vive nos confins de Medicilândia/PA cuidando do seu rebanho? Se a pecuária utiliza recursos naturais, a atividade também é responsável por boa parte das áreas preservadas no Brasil; são matas em forma de APPs (Áreas de Preservação Permanente), matas ciliares, sombreamento de pastos e áreas de várzea preservadas que somados, no Brasil temos uma área maior que muitos países.

É preciso destacar que o boi precisa de capim para engordar, que a pesquisa já mostrou que quando em área sombreadas os bovinos chegam a ter mais de 4% de incremento de produtividade e que capim e árvores fazem fotossíntese, e para isso essas plantas sequestram carbono da atmosfera. Por qual motivo o ciclo do carbono deveria ser diferente para a pecuária?

Se por um lado há quem lute para que o mundo diminua a demanda por produtos de origem animal, por outro temos a progressão geométrica que levará a população mundial para a casa dos 10 bilhões de pessoas ainda nesse século. E se voltarmos aos moldes produtivos do início do Séc. XIX estaremos validando Thomas Malthus. Será que é isso que queremos?

Mas como destaquei, a teoria que diz que a pecuária é prejudicial é discutível, e a tecnologia que até então era utilizada para pressionar o agronegócio tem evoluído a passos largos e a verdade começa a dar sinais de que está prestes a vir à tona, mostrando que o boi não é o vilão, mas que pode ser a solução para muitos problemas ambientais enfrentados na atualidade. Sim, a ciência é assim; evolui! Felizmente evolui!

Atentas à grande demanda de tecnologia no campo, grandes empresas tem investido fortemente em brincos e botons identificadores, cercas virtuais, sistemas de gerenciamento de rebanhos e rastreadores em tempo real que aferem o deslocamento, temperatura, acesso ao cocho e em ninguém duvide que em muito pouco tempo poderemos ter acesso a movimentos ruminais, conversão alimentar e emissão de gases de efeito estufa.

Em questão à mensuração de emissão de gases a coisa já está bastante adiantada e há pelo menos duas máscaras que deverão entrar no mercado em muito pouco tempo. Os testes já estão em fase final e uma delas promete filtrar e aferir os gases emitidos pelos bovinos, emitindo relatórios que atestarão com dados confiáveis o quão ambientalmente competente foi aquele animal e sistema de produção. Ou seja; em muito pouco tempo saberemos com exatidão o quanto um bovino é ecologicamente eficiente e a pecuária poderá virar a mesa, exigindo das cidades a compensação pelo carbono neutralizado pela pastagem dos seus animais.

É esperar e ver o consumidor procurando o selo ambiental na peça de contrafilé exposta no supermercado. Eu já estou com as minhas fichas apostadas nos bovinos como carbono neutro e negativo. Se alguém aceita o desafio, que cubra a aposta!

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