Uma nova iniciativa, a Climate Transparency Initiative (CTI), permite, pela primeira vez, comparar as emissões de carbono provenientes da mudança do uso indevido da terra – o que abarca tanto o desmatamento quanto a recuperação de florestas – do Brasil e de outros países e regiões. E o resultado não é nada bom: em 2015, o Brasil emitiu 364 milhões de toneladas líquidas de CO2 vindas do uso incorreto da terra, enquanto os demais países analisados já estão capturando carbono neste setor: a China sequestrou 500 milhões de toneladas, a União Europeia 343 milhões, a Índia 41 milhões, o México 162 milhões e os EUA 783 milhões.
No Brasil é responsável por cerca de metade das emissões totais. A CTI trabalhou quatro cenários futuros de emissões e um deles incorpora a plena implementação do Código Florestal. Esta implementação permitiria ao Brasil zerar suas emissões líquidas de gases de efeito estufa oriundos de uso do solo e florestas antes do fim desta década.
Segundo Gustavo Pinheiro, do Instituto Clima e Sociedade, organização responsável pela organização do material em português, “a posição de emissor líquido de gases de efeito estufa gerados por atividades relacionadas ao uso do solo e florestas é um sintoma importante do atraso do Brasil na implementação das políticas de proteção das florestas. A implementação do Código Florestal, que poderia transformar o Brasil em sumidouro de carbono neste setor, tem sido recorrentemente postergada pelo Governo Federal”.
Agronegócio
Já quem está corretamente no campo, como os produtores rurais, apostam também em novas tecnologias e projetos inovadores, como a chamada “produção integrada”.
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) promove a recuperação de áreas de pastagens degradadas agregando, na mesma propriedade, diferentes sistemas produtivos, como os de grãos, fibras, carne, leite e agroenergia. Busca melhorar a fertilidade do solo com a aplicação de técnicas e sistemas de plantio adequados para a otimização e a intensificação de seu uso.
Dessa forma, permite a diversificação das atividades econômicas na propriedade e minimiza os riscos de frustração de renda por eventos climáticos ou por condições de mercado.
A integração também reduz o uso de agroquímicos, a abertura de novas áreas para fins agropecuários e o passivo ambiental. Possibilita, ao mesmo tempo, o aumento da biodiversidade e do controle dos processos erosivos com a manutenção da cobertura do solo. Aliada a práticas conservacionistas, como o plantio direto, se constitui em uma alternativa econômica e sustentável para elevar a produtividade de áreas degradadas.