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Roteiro "Caminhos da Roça" é uns dos grandes exemplos de negócios rurais tocados por mulheres | Fotos: Divulgação
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Aumenta a participação das mulheres na gestão de negócios no campo

Da Redação

De acordo com dados obtidos da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Embrapa e o IBGE, o número de mulheres dirigindo propriedades rurais no Brasil alcançou quase 1 milhão. A partir do Censo Agropecuário de 2017, o IBGE identificou 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais, de um universo de 5,07 milhões. A maioria está na região Nordeste (57%), seguida pelo Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste, que concentra apenas 6% do universo de mulheres dirigentes. Juntas, elas administram cerca de 30 milhões de hectares, o que corresponde apenas a 8,5% da área total ocupada pelos estabelecimentos rurais no país.

Em Socorro-SP, as mulheres agro dão exemplo de trabalho, persistência e amor. Sócia do Sabores do Currupira, Irene Aparecida de Souza Oliveira, por exemplo,desde pequena queria ser independente e ter o próprio negócio. Com 12 anos já ia para a roça com os pais e com 15 a costurar blusa de lã para malharias. Aos 22 anos se profissionalizou em cabelereira e abriu o primeiro negócio: o salão. Ao mesmo tempo, fazia bolos e doces para festas.

Fez cursos de geleias, compotas, pães, leite, horta e turismo rural, o que a inspirou a vender geleias e doces. O objetivo era ter uma loja de doces caseiros feitos com produtos naturais. O que ficou um pouco mais fácil pelo fato de o marido já cultivar frutas no sítio. Junto com duas sócias conseguiu realizar. Também chegaram as críticas: “quem vai comprar? Agora todo mundo faz regime”. Mas, Irene não desistiu, comprou as partes das sócias e as críticas só a fizeram ampliar o negócio: passou a fazer também geleia de banana zero açúcar. Se aprimorou com cursos de marketing e administração rural.

Hoje conta com um quiosque no Horto Municipal, onde vende os doces e serve almoço e café, e no sítio, onde recebe grupos para cafés coloniais com comidas rurais e passeio. “Me sinto realizada por ter meu próprio negócio e conseguir ajudar e incentivar pessoas a crescerem e empreenderem”, diz Irene, com 50 anos e duas filhas.

Marcia Regina de Faria Meneghelli, sócia do Rancho Pompéia, se destaca no meio rural onde tem um rancho com hospedagem e loja. É no dia a dia do campo (levada pelo marido) que se realiza. Quando o filho mais velho nasceu e apresentou uma deficiência intelectual associada ao TEA, viu a necessidade de cuidar de perto dele. Como o marido já fazia queijos e passeios a cavalo para hóspedes de outro local, começou a fazer pães e doces, além de aprender a fazer queijos. Participou de um Fórum de Turismo Rural e foi incentivada a oferecer um café caipira com os produtos que vendia. Fez inúmeras capacitações e foi aprimorando os produtos. Começou a torrar café à moda antiga, que se tornou um dos produtos mais procurados. Faz eventos, coffee break, almoços e jantares caipiras.

Com a pandemia, Marcia, que sempre gostou da “mão na massa”, da produção, passou a participar de lives, vender por delivery, implantou o pegue na porteira (drive thru), colocou os produtos no marketplace e envia pelos correios.

Participa de um grupo de mulheres do turismo rural de todo o Brasil e do exterior o que a fez ter certeza que a mulher é uma figura essencial na maioria das propriedades rurais. “Sinto orgulho de ser uma mulher do campo, focada em disseminar as tradições, em oferecer vivências rurais e lutar para não deixar essas tradições se perderem. Tenho muito orgulho de poder reproduzir um pouco da comida de mãe, de avó. As pessoas estão em busca da natureza, do sustentável, do saudável e do aconchego”, afirma Marcia, com 53 anos e dois filhos.

Roteiro – Caminhos da Roça

Com 191 anos de história, a cultura da roça e da agropecuária, herança da fase áurea do café, ainda permanece viva na Estância Hidromineral de Socorro. No turismo rural, uns dos grandes atrativos da cidade para quem quer vivenciar a natureza e o ar livre, existe o roteiro “Caminhos da Roça”.

São dois dias com experiências únicas em fazendas e propriedades rurais, que remeterão a boas lembranças ou promoverão dias de lazer e conhecimento. Degustações de produtos e bebidas – inclusive orgânicos -, comidas típicas, apreciação do pôr do sol, visita a cafezais e pesca representam a vida na roça e fazem parte do itinerário.

A sugestão é começar o primeiro dia de passeio em Socorro com um delicioso café da manhã no Rancho Pompéia. “Aquela” mesa farta na varanda, cheia de guloseimas feitas com amor e capricho, com certeza remeterão a muitas lembranças da infância. A propriedade rural e familiar produz doces, geleias, pães, biscoitos e queijo. Todos inclusos no café caipira, que ao todo oferece mais de 20 itens. Dedicado ao resgate das tradições, o objetivo é fazer lembrar aquele sabor da casa da vó, com o bolinho de chuva, bolo de maçã com canela e cuca de maçã e de banana, por exemplo. Tudo isso com muita prosa, claro, em uma aconchegante casa estilo colonial de fazenda

No Hotel Fazenda Campo dos Sonhos um animado passeio inclui visitação aos animais na fazendinha, ordenha da vaca, visita à casa caipira – um verdadeiro museu rural -, degustação de delícias da roça, almoço e uma aula sobre sustentabilidade e acessibilidade, que fazem parte da política interna e estão presentes em todas as ações da propriedade.

Para finalizar o dia, contemplar o pôr do sol, a imensidão do vale e das montanhas da Serra da Mantiqueira no Parque Pedra Bela Vista. Uma das vivências mais concorridas de lá, e da cidade, é o Pan de Palo. A receita peruana foi ambientada em um dos pontos mais altos de Socorro, em meio à natureza. A massa do pão é colocada em uma haste de madeira para possibilitar que a pessoa asse na brasa da fogueira. Depois disso, se escolhe entre cerca de nove sabores – que podem variar – para rechear o pão. O resultado é delicioso, e o bate papo com risadas e histórias em torno da fogueira valorizam o cenário.

Que tal começar o segundo dia com um delicioso cheirinho de café na Fazenda 7 Senhoras? Nela, se conhece a plantação, terreiro e o processo de beneficiamento do café, conduzido por um guia que apresenta a história da fazenda e do trabalho no pós-colheita, que compreende a etapa da via úmida, terreiro, secadores, bem como a unidade de beneficiamento e seleção de grãos. Nada melhor que terminar na cafeteria, onde um barista demonstra alguns métodos de preparo de café, descreve as principais características e oferece para degustação. A visitação leva 1h30.

Pescaria é “a cara” do campo e não poderia faltar. No pesqueiro Nenê Oliani – primeiro no estado de São Paulo e há mais de 30 anos no mercado – é a opção para horas de lazer e para o almoço. Apreciadores de pesca por quilo ou esportiva não verão a hora passar. Pratos e salgados que têm o peixe como destaque podem ser saboreados no restaurante do local.

O roteiro turístico pode se encerrar no Alambique Pioneira, que oferece tour gratuito. Em cerca de 40 minutos, o visitante acompanha a história do local e todos os processos de produção – desde o plantio de cana até o produto final – e curiosidades da fabricação de cachaça e licores. Fabricam também rapadura, açúcar mascavo e melado. A degustação com certeza aguçará os paladares para a compra dos produtos da loja, com decoração peculiar.

 

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