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A ALTA DO BOI TEM LIMITES E BARREIRAS – AS ÁRVORES NÃO CRESCEM ATÉ O CÉU

Assim como os ventos mudam as velas, a valorização da arroba do boi tem feito o otimismo do pecuarista e a sua disposição em investir no negócio aumentar significativamente. Esse aumento, impulsionado pela maior demanda interna de final de ano, exportações aquecidas e menor oferta de gado pronto para o abate, encurtou as escalas de abate e fez os frigoríficos colocarem a mão no bolso para convencer o pecuarista a entregar seu boi para o abate. O cenário é promissor, mas cabe cautela, pois é crucial lembrar que o mercado é cíclico e sujeito a variações e correções de rumo.

O boi sobe no fato e desce no boato, é isso que venho dizendo durante toda a minha vida profissional. E digo isso porque é preciso um cenário muito consolidado e a diminuição significativa dos estoques de carne para a arroba ter seu preço elevado. Entretanto, basta uma vaca velha morrer lá nos confins do sertão ou alguém gritar “vaca louca” para a arroba despencar o preço. Daí, algumas semanas depois, vem uma autoridade internacional dizer que foi “alarme falso” e que o Brasil tem uma pecuária com elevados padrões sanitários e que continuamos livres dessa ou daquela doença. Mas quando isso acontece, e já aconteceu: o estrago já está feito!

Por isso alerto que “as árvores não crescem até o céu” para lembrar ao pecuarista que momentos de alta devem ser aproveitados para fazer lucro e não para apostar. Em momentos de alta no preço do boi, somos tentados a segurar o boi no pasto, esperando o boi romper a barreiras históricas dos 100, 200, 300 Reais, mas; quem não se lembra de quantos revezes encaramos toda vez que nos aproximamos dessas barreiras? Assim como as árvores têm um limite natural de crescimento, os mercados também enfrentam suas barreiras, e esperar demais pode levar à perda de oportunidades valiosas.

A sabedoria campeira que diz que “as árvores não crescem até o céu” deve ser lembrada nesse momento. Nenhum mercado sobe sem correções e talvez uma das maiores armadilhas para o pecuarista seja o desejo de “acertar o olho do mosquito”.  Esperar o preço máximo absoluto para vender pode ser um jogo muito perigoso e trazer perdas econômicas consideráveis.

 

VENDER SUBINDO

Esse é um termo bastante conhecido pelos investidores no mercado de ações, pois ao ter um papel que apresenta valorização, a gente começa a vender parcelas da carteira a partir do ponto de lucro. Assim, se segue vendendo gradualmente os papéis em lucro e se compra outros desvalorizados para repetir a estratégia de vender subindo, quando oportuno.

Há alguns meses tivemos um verdadeiro “chororô” quando o boi despencou dos 200 Reais, mas enquanto uns choraram, outros venderam seus bois gordos abaixo do preço esperado, mas ainda assim encheram seus pastos com bezerras na proporção de 1:3. Ou seja: venderam um boi gordo e compraram três fêmeas jovens. Perdeu dinheiro por vender o boi mais barato que comprou? Não, pois não realizou o prejuízo, o que o pecuarista fez foi aproveitar a relação de troca e aumentar o patrimônio. Só haveria prejuízo se tivesse convertido boi em dinheiro, camionete, viagem, etc.

Ao invés de buscar o momento perfeito, a recomendação ao amigo pecuarista é focar em aproveitar o bom momento que o mercado oferece, e o momento apresenta condições de boas margens de lucro. Esperar por um aumento marginal pode não justificar o risco de uma queda repentina nos preços. Tem conta para pagar e tem boi no pasto? Venda! Tem boi engordando? Faça travas escalonadas, aproveitando a subida e se resguardando de uma eventual retração do mercado.

Lembre-se de que fatores como política econômica interna, questões econômicas globais, variação na demanda internacional, conflitos internacionais ou uma simples vaca banguela, encontrada lá no “sertão de Sucupira” podem fazer o preço da arroba despencar.

O momento certo para vender o boi envolve uma análise cuidadosa do mercado e o entendimento de que mesmo o início de um “ciclo de alta” tem seus momentos de correção. Assim como ventos abalam mais fortemente as árvores mais altas, o preço do boi também está sujeito a ventos e tempestades à medida que se aproxima de barreiras históricas, e os 300 e os 350 Reais são algumas dessas barreiras.

Tomar decisões com base em dados e com visão de longo prazo é melhor que tentar prever cada movimento do mercado. Garanta o lucro, ainda que não seja o “lucro sonhado”, mas capture lucros consistentes ao longo do tempo e de sua atividade, é isso que lhe dará longevidade na atividade.

Por isso, observando o mercado e atendendo ao chamado de análise por alguns amigos e clientes, eu alerto para o momento. O início do ciclo de alta pode trazer euforia ao pecuarista, mas analise se o preço que você tem já cobre seus custos e proporciona um lucro saudável. Será que vale a pena arriscar por mais 1, 2 ou 10 Reais e correr o risco de uma queda de preços? Te convido a essa reflexão, para não deixar escapar a boa oportunidade que o momento nos oferece.

 

Sucesso a todos…

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