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Entrada do município de Calçoene, no Amapá | Foto: SkyscraperCity
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De vocação agropecuária, município de Calçoene é o mais chuvoso do Brasil, diz estudo

Após analisar séries históricas de chuvas em mais de 400 estações localizadas na região amazônica, o município de Calçoene, no Amapá, com uma precipitação média anual de 4.165 mm, foi identificado como o local mais chuvoso do Brasil. O município, de apenas 7.000 habitantes, localiza-se no extremo norte do Brasil, na micro-região do Oiapoque, e abrange uma área de aproximadamente 14.000 km2. As principais atividades produtivas são a agropecuária, a silvicultura e o garimpo de ouro. A descoberta do ouro no rio Calçoene culminou com o surgimento de vários conflitos entre brasileiros e franceses de Caiena pela posse da terra, a qual foi, em 1900, anexada ao território brasileiro.

Anteriormente, a literatura citava a região da Serra do Mar, entre Paranapiacaba e Itapanhaú, em São Paulo, com uma precipitação média anual de 3.600 mm, como o local mais chuvoso do país. Segundo Daniel Pereira Guimarães, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, situada em Sete Lagoas, MG, a falta de dados de registros históricos consistentes e de longa duração limitava esses estudos. A partir da criação da ANA (Agência Nacional das Águas), foram organizados bancos de dados contendo milhares de séries históricas em todos os estados da federação.

Era natural de se supor que, na Amazônia, estariam os locais de maior pluviosidade. Segundo o pesquisador, a caracterização climática de uma região deve-se basear em dados consistentes e coletados por, pelo menos, 30 anos, fato ocorrido recentemente com a estação de Calçoene.

O Atlas Climatológico para a Amazônia Legal, elaborado pelo Inmet, em 2001, baseou-se em apenas 100 estações e registros de séries históricas de dez anos. Com essa nova abordagem, informações mais detalhadas puderam ser obtidas para a região. A precipitação em Calçoene é cerca de três vezes maior que a registrada na cidade de São Paulo.

Entre janeiro e junho, praticamente todos os meses registram mais de 25 dias de chuva, ou seja, chove quase todos os dias. No ano de 2000, foram registrados quase 7.000 milímetros de chuva. A pesquisa permitiu a elaboração de um novo mapa da precipitação na região amazônica e mostra que existe uma enorme variação nos padrões de distribuição das chuvas.

Roraima apresenta áreas no nordeste do estado onde a precipitação é muito inferior à média regional e a distribuição das chuvas mostra maior concentração nos meses de maio a julho, enquanto, nos demais estados, essa concentração se dá entre janeiro e abril. Áreas de baixa pluviosidade são também observadas no sul dos estados de Tocantins e Rondônia. Conforme o pesquisador, no Pantanal Matogrossense, as precipitações são tão baixas quanto as registradas no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, região do Polígono das Secas.

As áreas de maiores precipitações ocorrem no litoral do Amapá e na região do estado do Amazonas conhecida como “Cabeça de Cachorro”. Em ambas, existem zonas onde as precipitações médias superam os 4.000 milímetros mensais.

 A identificação de Calçoene como o local mais chuvoso do Brasil coloca mais lenha na fogueira sobre a recente descoberta de um sítio arqueológico nesse local. O “Stonehenge Amazônico” é formado por 127 granitos megalíticos alinhados de forma circular, o que lembra um observatório astronômico, foi construído no período pré-colombiano e, curiosamente, no local de maior incidência de chuvas. Seria coincidência?”

 

Fonte: Revista Meio Ambiente

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