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POR QUE O AGRO É CONSERVADOR?

O conservadorismo é uma força que ganhou notoriedade nos últimos anos em contraposição ao liberalismo de costumes que tomou conta da mídia, ruas e alçou voos de uma doutrinação ideológica em muitos setores da sociedade. Tendo caído na graça das classes artísticas e das ciências humanas, o liberalismo cresceu em número de adeptos, no tamanho das pautas e no radicalismo com que essas pautas são defendidas e, após décadas, finalmente encontrou um contraponto discreto, mas ao mesmo tempo muito sólido e com uma força até bem pouco tempo desconhecida; o núcleo duro do agronegócio, conservador por natureza!

O agronegócio e o conservadorismo se entrelaçam de tal maneira que muitos entendem que um só se mantêm forte graças ao outro. Talvez o agro não existisse sem ideias e costumes conservadores. Afinal: sem o rigor de uma fé, de uma família estruturada em costumes e em valores rígidos não teríamos terras lavradas, cidades construídas e regiões povoadas. Mas engana-se quem entende esse conservadorismo de valores como atraso, ignorância, o ou falta de instrução. Afinal, o agro é um dos setores mais vanguardistas do mundo, responsável pela produção de alimentos, expansão territorial, geração de riquezas, emprego e desenvolvimento em todas as regiões nas quais se instala. Lembro ainda que boa parte do povoamento de diversos países do mundo só aconteceu graças à coragem e à charrua do homem do campo; de Iowa (USA) a Sorriso (Brasil), de Lome (Togo) à Santa Fé (Argentina) o braço forte do agronegócio foi fator decisivo no desenvolvimento dessas cidades e regiões.

Se o conservadorismo é uma ideologia que enfatiza a preservação de valores tradicionais, instituições e modos de vida; o agronegócio é o setor econômico que não simplesmente se enquadra perfeitamente, mas é e vive isso em toda a sua essência. Um setor que vai da produção, ao processamento, transporte e comercialização de produtos agrícolas em larga escala. Uma classe de trabalhadores e empresários que faz suas orações para chover, para fazer sol, para boas colheitas e bons plantios. Uma classe formada por pessoas faz promessa e votos para seus animais se recuperarem de convalescências. E isso acontece desde que o mundo é mundo! Desde que a primeira semente foi conscientemente lançada ao solo pela! Mas não só de fé vive o agro; esse é um dos setores que mais investe em pesquisa e desenvolvimento.

Para quem estranha quando eu falo do agronegócio como um setor disruptivo, basta olhar pela janela e ver plantios de soja no cerrado. Criação de bovinos taurinos em regiões áridas e quentes, criação de peixes em cativeiro, ciclo do frango de menos de 45 dias, do nascimento de bezerros com sexo pré-determinado e, caminhamos a largos passos para em breve tempo termos fazendas de suínos produzindo células e órgãos para transplante. É; só se surpreende com o agro quem não o conhece de perto!

Mas conservadorismo e vanguardismo são bandeiras verdadeiramente opostas? É evidente que NÃO! E essas forças encontraram terreno fértil na agricultura, pecuária, cooperativismo e muitas outras áreas do agronegócio. A necessidade de união da família, das comunidades que compartilham visões religiosa, social, econômica e política foram, são e serão importantes para toda e qualquer atividade que pretende ter a perenidade que o agronegócio tem.

O papel desempenhado pelo agronegócio dos países onde a atividade é forte mostra o quão importantes são seus valores para a construção de uma sociedade forte, estável e segura. Nesses países, grande parte da força econômica vem do campo, como importante geradora de riquezas, empregos, investimentos, pesquisas e receita fiscal. No Brasil o setor agropecuário é um dos principais motores da economia, contribuindo com mais de 25% no Produto Interno Bruto (PIB). Sim, um quarto das riquezas produzidas no país vem do agronegócio! E quando analisamos o superavit primário, aí o agronegócio brasileiro dá um verdadeiro show, pois sem ele a balança comercial brasileira seria negativa.

Mas de onde vem essa união que mostrou uma força jamais vista nos últimos anos e que amedronta de tal maneira alguns setores que vem se unindo e trabalhando diuturnamente na tentativa de destruir esse núcleo duro do conservadorismo? Seria essa campanha contra o agro ou aos valores que ele representa e defende?

Vale lembrar que além do aspecto econômico, o agronegócio desempenha um papel importante na segurança alimentar global, fornecendo produtos agrícolas para atender às crescentes demandas da população mundial. Vale lembrar que o agro é composto desde pequenos produtores de leite, fumo, hortaliças até grandes produtores de grãos com milhares de hectares plantados, e que independente do porte ou da cultura, em maioria comungam de um mesmo ideal conservador de liberdade, progresso, religião e família. Vale lembrar que acatar o agro é atacar aquele que vive para produzir alimentos que estavam na sua mesa do café da manhã de hoje e estarão na sua mesa do almoço e jantar.

Esse setor tão diverso que enfrenta desafios complexos para produzir, tem nos valores conservadores uma candeia que não os permite desistir da atividade que está sob furioso ataque midiático, econômico e invasões de terra. Mas lembro que o agricultor não precisa da terra ou do alimento produzido por ela, ele poderia vender tudo aquilo e com o dinheiro ganho viveria tranquilamente na cidade, colhendo os frutos dos juros improdutivos. No entanto, o homem do campo é um apaixonado pela terra, pelos animais que cria, pela natureza que lhe é dada como benção de um Deus que ele cultua com devoção que incomoda os usurpadores de consciência.

Nos últimos meses vimos a queima dos estoques reguladores de grãos, importação de leite, elevação dos juros e afrouxamento nas leis que tem veladamente incentivado o retorno das invasões de terra e outras medidas atabalhoadas, para não dizer orquestradas, que vem complicando a vida do homem do campo.

Mas até onde? Não pergunto até onde o homem do campo resiste, pois esse foi forjado em uma vida de desafios. Eu pergunto até onde a economia brasileira aguenta a sabotagem ao homem do campo? Pois basta um ano sem o agro triunfar para o Brasil naufragar e você se desesperar pela escassez e elevação no preço dos alimentos.

MARCUS REZENDE

 

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