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PLANEJAMENTO NUTRICIONAL NA ENTRADA DA ESTAÇÃO SECA – INVESTIMENTO QUE DÁ LUCRO

Quem se planeja não sofre com a seca! Essa é uma máxima já consolidada entre muitos pecuaristas que aprenderam a aproveitar as falhas de manejo de alguns, para abocanhar boas oportunidades na compra de animais baratos para a engorda no período da seca. Mas em plena curva de tendência onde entramos no ciclo de baixa e de abate de matrizes, isso deverá se repetir?

Apesar do ciclo de baixa que iniciamos, a lógica não se altera. Ela é bastante simples e recorrente. Com dias mais curtos e noites mais longas os pastos apresentam menor crescimento vegetativo. Com menos chuvas e mais vento, a qualidade da forragem diminui consideravelmente. Ou seja; a partir do final das chuvas o pecuarista brasileiro tem que enfrentar um momento de menor oferta pasto e o que sobra, se sobrar, é de pior qualidade. Mas, por mais que muitos refute a ideia, esse é um momento de oportunidade. Mas só para aqueles que se profissionalizaram na atividade.

Vejamos como fazer..

 

AJUSTE A LOTAÇÃO DE PASTAGEM

O ajuste da lotação de pastagem à quantidade de forragem disponível é o ponto de inflexão entre a dificuldade de manejo e a oportunidade de mercado. Ajustar a pressão de pastejo à velocidade reduzida de recuperação das pastagens na estação seca tornou-se obrigatório, e se não for feito, pode resultar na falta de pasto. O produtor deve ajustar sua lotação considerando o pior momento da seca. Fazendo isso, as chances de faltar pasto serão bem reduzidas.

Negligenciar o manejo de pastagem pode resultar em áreas de sobre-pastejo (baixar muito o capim) que pode evoluir para áreas descobertas, com capim fraco, surgimento de pragas invasoras e o consequente processo de degradação da pastagem. O prejuízo dessa imperícia no manejo de lotação pode exigir um desembolso considerável para recuperar as áreas degradadas por erros de manejo ou falta de orientação. Não adianta relutar, a conta pode tardar, mas ela sempre chega!

 

TRANSIÇÃO DAS ÁGUAS PARA A SECA

No primeiro momento em que o capim começa a secar o pecuarista raramente observa os animais perderem peso. No máximo a redução no GMD (ganho de peso médio diário) e pelos menos viçosos, mas nada de animais escorridos e magros. Mas ao não observar isso o pecuarista também não observa que os animais estão lançando mão de suas reservas energéticas, do seu equilíbrio metabólico para sua mantença, e essa conta vai chegar em poucas semanas.

Ao saírem do pasto abundante e viçoso para uma pastagem menos farta e mais fibrosa, os animais diminuem gradativamente seu ganho de peso e, sem ajuste na suplementação nutricional, involuem até que apresentem perda de peso, menores taxas reprodutivas e o consequente prejuízo para o pecuarista.

Como estratégia para evitar esse prejuízo, o pecuarista pode vedar suas pastagens, oferecer feno, silagem ou outras formas de oferecimento de volumoso. Mas além do volumoso, devemos ajustar a suplementação nutricional para que a microbiota ruminal seja capaz de degradar os alimentos mais fibrosos e convertê-los em ganho de peso para os animais.

 

A CIÊNCIA COMPROVA A PRÁTICA

Há diversos estudos que vem comprovando a eficiência metabólica e econômica da suplementação nutricional dos bovinos durante a estação seca. Embora o desembolso seja maior, o que assusta os pecuaristas, as perdas econômicas e o custo de oportunidade são muito maiores quando permitimos que os animais percam peso na estação seca.

Já passou o tempo em que se entendia a suplementação nutricional ou mesmo a sanidade como gasto. Hoje sabemos que se trata de investimento, e como todo investimento ele deverá trazer um retorno considerável ao final do processo.

E se a ciência e a prática comprovam que o investimento em suplementação nutricional orientada por uma boa assistência técnica dão retorno econômico, “quem somos nós na fila do pão” para fazer ou dizer o contrário?

 

O FIM DO BOI SANFONA

No passado, a baixa produtividade nos meses secos era tolerada graças à baixa produção e qualidade das forragens. No entanto; em pleno Séc. XXI, com a evolução das pesquisas em produção e manejo de forragens, com novas tecnologias em nutrição para criação a pasto, semi-confinamento, confinamento convencional e alto-grão, isso não é mais admitido; sobretudo na pecuária moderna e sustentável que buscamos. É o fim do “boi sanfona”? Eu penso que sim, pois hoje é possível o ganho de peso contínuo, mesmo nos períodos mais secos do ano, por qual motivo ainda nos permitiremos perder dinheiro ao calor da já conhecida e previsível variação climática?

Hoje temos à mão muitas as alternativas para suplementar as carências da pastagem: sal mineral, sal mineral proteinado, rações e os proteico energético, os famosos POWER 20,  POWER 30 e PSAIs  da vida que visam manter ou mesmo elevar o ganho de peso dos animais mesmo durante os períodos mais críticos da pastagem. Em uma pecuária moderna e lucrativa, não se pode admitir perder dinheiro em momento algum, e animal que perde peso está jogando dinheiro fora! Não há por que continuar perdendo dinheiro por falta de planejamento e falta de ajuste na dieta.

Bora lucrar?

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